A agroecologia vem se consolidando como prática e ciência ao longo das últimas três décadas em nível global e nacional. Seu crescimento em termos de número de famílias agricultoras que a praticam, volume de produtos, ampliação de mercado vem acompanhado também de um volume crescente de estudos científicos sobre a questão. Um dos limites, no entanto, reside na pulverização desses estudos, ou seja, na falta de diálogo entre as diferentes pesquisas nos mais diversos campos disciplinares em que a agroecologia se realiza. Um exemplo disto é a ausência de periódicos e programas de pósgradução nesta área, no Brasil e no mundo. No Brasil, há somente três mestrados em agroecologia e um periódico dedicado especificamente para tal. Nesse sentido, se faz difícil a busca e articulação de estudos na área. No Sul do Brasil, a agroecologia encontra uma de suas maiores expressões na Rede Ecovida de Agroecologia. A Rede agrega mais de 4000 famílias de agricultores ecologistas, junto a organizações de assessoria, micro e pequenas agroindústrias e comercializadoras e organizações de consumidores. Sua organização se dá através da formação de Núcleos Regionais, que agregam os atores de cada localidade. A Rede Ecovida constitui-se como importante referência em nível nacional e internacional no que tange ao estabelecimento de formas diferenciadas de organização e produção, mas, fundamentalmente, de comercialização e certificação dos produtos, tendo criado em seu interior a metodologia de certificação participativa. O presente projeto visa realizar uma revisão sistemática (Sampaio, Mancini, 2007) de estudos científicos sobre a Rede Ecovida de Agroecologia, de forma a mapear a quantidade e o perfil dos materiais produzidos. A partir do levantamento das produções será feita a classificação dos estudos nas tr ẽ s dimensões da agroecologia propostas por Sevilla- Guzmán e Ottmann (2004) e, dentro destas, em áreas de atuação da Rede Ecovida (organizaçao, comercialização, produção, certificação, etc.). Os estudos serão classificados ainda por ano de publicação, país de origem, formação dos autores e tipo de publicação. Após a classificação será feita análise crítica dos resultados, de forma a realizar uma leitura das contribuições da Rede Ecovida ao campo científico da agroecologia e os desafios na produção do conhecimento acadêmico em agroecologia e para a evolução do trabalho em agroecologia da Rede Ecovida.